terça-feira, 12 de abril de 2011

Reginam Noctis...

Rainha da noite,
Volte para mim... Não percebe que preciso de você?
A vida é vazia e sem sentido. Falta-me sua voz e seu cheiro.
Falta-me sua respiração. Desejo emoldurar minha vida numa pintura de seu sorriso... Desejo dar-te tudo o que precisar.
Contudo, ainda sinto que você irá jogar minha pretensão aos ventos... Numa certa ocasião, tu dançavas sobre meus olhos, e percebi que minha cegueira alimentava tua vaidade.
Porque, dama das trevas? Mata justo a mim que fui sua morada e proteção?
Partistes rumo a onde meus olhos não podem alcançar. Pensei que se lhe ensinasse, tu nunca me deixaria... Contudo, eu estava apenas dando-lhe asas para que voasse.
Desde que partistes, estou submisso à divina estátua da solidão... Contudo, abristes meus olhos às coisas ocultas e eu lhe ensinei como trabalhar seu destino.
Só peço lhe mais uma coisa: Leve-me ao lado escuro da floresta e deixe que a ignorância floresça novamente em meu espirito...
Só assim meu coração deixará você partir.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A sombra do baobá.


O trabalho é o que me consome...
Imaginem o quão maravilhosa seria a vida se pudéssemos tê-la somente para agradar nossos sentidos e necessidades mais primários?
Se eu ando por uma praça arborizada, e o vento fresco bate em meu rosto, eu sinto cada fio de cabelo em minha cabeça voar de acordo com o ritmo da brisa, e surge em meu peito uma paz que toma toda minha matéria somática.
Por vezes aprendo algo novo por meio de um texto escrito, ou pela simples observação de um acontecimento, e me vem a sensação de estar diante de um mundo novo.
Uma boa ação que faço ou que presencio me dá o sentimento de interação com o melhor do mundo.
O toque de uma bela mulher em meu corpo, ou a simples presença de quem amo me renova.
Uma boa refeição e o degustar de um bom vinho são fontes de um prazer raro que se sente ao realizar atividades necessárias à sobrevivência.
O simples despertar numa manhã ensolarada faz emergir de meu âmago um sentimento de gratidão por estar vivo. E eu me sinto especialmente grato em dias frios, chuvosos... A inspiração que me surge é predominante. A simples reflexão de um sonho que me ocorre me excita...
A complexa análise que faço sobre a não existência de um Deus e, ao mesmo tempo, sua presença em tudo o que me cerca - inclusive em mim - me deixa extasiado.
No entanto, o trabalho que é o recurso honesto que se tem para saciar suas necessidades básicas absorve toda a paixão que nelas reside. A vida é consumida pela monotonia do trabalho, o que era pra ser belo se torna mecânico... Não existem surpresas, presenciamos a morte do acaso e do inesperado diante de nossos olhos.
Se não há trabalho, eu mal sei que dia da semana estou; e, se a inércia me fosse permanente, eu acabaria esquecendo até a minha idade. E seria feliz, considerando admiravelmente proveitosa minha passagem pela vida... Apesar de nada ter construído no plano material, existiria uma riqueza incalculável em minha alma...
Todavia, vejo ainda atividades humanas dotadas de grande paixão que se tornam profissões; o musico por exemplo.
O pianista vive para a musica, e a musica habita seu espírito. Ele pode entrar em contato direto com Deus em seu silêncio interior... A melodia pode ser o caminho para se aproximar da Onipresença do Incriado. Entretanto, a rotina dominará seu amor, e logo lhe será tirado todo o animo de viver.
Tudo o que é planejado perde grande parte de sua emoção; tanto na alegria, quanto na tragédia.

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