sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Tempo Perdido - Renato Russo

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!...

Psyche awakens the love of Eros.

Um homem sai de uma sala, tem uma chícara de café na mão. Ele se senta num sofá e olha para a janela e nota que a cidade está sempre em movimento... "A vida está sempre em rotação!" conclui ele.
Pega sua carteira e vê uma foto de sua familia; mulher e filhos. Recosta a cabeça no topo do sofá e começa a sentir cada molécula de seu físico se dissolver em pensamentos.
Uma voz adentra sua mente "O que temos hoje?".
Ele treme seu corpo com a indagação do psiquiatra. Se vê como uma prostituta que será invadida, como uma virgem a ser descoberta. Sua mente não será mais sua propriedade, seu refugio será adentrado e abreviado em um simples diagnostico, um papel.
Todavia, não há como fugir mais. A hipnose é um meio eficaz de invadir os pontos de mais obscuros de nossa psiquê. Lembrou-se que Psique era como chamava sua filha, devido à sua curiosidade em relação à todos os assuntos. Ele era formado em História e pós-graduado em filosofia e mitologia.
Viu cada vez mais de Psique em sua filha que, na adolescência não conseguia esconder sua curiosidade sobre o sexo e posteriormente apareceu grávida. Tomado pela fúria, quis o homem tomar satisfações com o pai e com sua filha; mas foi retido por qualquer vestígio de sensatez que ainda havia em sua formação cultural.
Sua esposa lhe traia. De certa forma, a traição em si era bem interpretada pelo homem que era cerca de 20 anos mais velho que sua esposa. O que lhe frustrava eram duas coisas: A mentira sustentada por tanto tempo e o amante ser 20 anos mais jovem que sua parceira. "São 40 anos a menos e uma libido 40 vezes  maior.", pensava o homem.
De repente sentiu-se tragado por uma onda de lembranças. Era jovem e vestia uma jaqueta de couro e seus cabelos escorriam pelos ombros. Se não estava enganado, era 1970 e poucos... nomes como John Lennon, Jim Morrison e Robert Plant estavam em alta e ele estava na faculdade fazendo aquilo que seus pais mais temiam: Não cursando Direito, Medicina ou qualquer outro curso que lhe enriquecesse. Sua consciência observou "O amante de sua mulher é estudante de Medicina; não é uma maravilha?".
Viu o quanto era superior naquela época e o quanto estava acabado atualmente. Sentiu-se rebaixado na vida e de mãos atadas.
Certo dia viu um de seus amigos de faculdade e percebeu que 40 anos podem mudar consideravelmente a vida de uma pessoa. Era seu parceiro no curso e (apesar de ter uma origem consideravelmente mais humilde que o paciente) dizia que estava ali por amor.
Quarenta anos depois, lá está ele: Advogado, esposa com 20 anos de idade (Era então o seu sétimo casamento que seguia esta linha, as outras esposas morreram.), carro do ano. Era difícil para aquele Historiador olhar para seu amigo e não inveja-lo, seja qual fosse o ângulo analisado. Sorria enquanto apertava a mão de seu amigo e pensava consigo mesmo "Eu queria esta vida, esta coragem... Queria ser capaz de matar minha unica esposa e sair ileso que nem você faz, internar minha filha em algum convento ou algo parecido e alegar sua insanidade mental, incapacidade de discernimento. Queria ter a juventude do amante de minha esposa e seu dinheiro... E inquestionávelmente, encaminhar este neto que está por vir para adoção. Devia fazer isso; já que ele será responsabilidade minha tanto financeiramente quanto em sua educação... Eu deveria fazer o que quisesse com esta pessoa. Agora olho para você que por vezes me fez sentir tão bem comigo mesmo por sempre estar tão abaixo de mim. Olhe só para o que sou hoje...".
O divã então foi banhado por suas lágrimas enquanto o psiquiatra despia cada peça de sua linha de pensamento.
Acaba a consulta e ele recebe o tal papel do diagnostico. Saindo da clinica ele entra no carro e abre o envelope.
Tem em suas mãos uma receita com alguns remédios e o diagnostico que estupidamente dizia o óbvio: Ele estava frustrado.
Segue rumo à seu apartamento; sobe as escadas para adiar o encontro com sua familia. Pensava incessantemente consigo "Deus; se você existisse talvez pudesse me entender.".
Quando deu por si; subira tanto as escadas que estava no topo do andar mais alto do edifício onde residia.
Chegou perto da borda daquela estrutura e não teve duvidas, precisava fazer algo por si mesmo.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

The Last Time I Saw Richard - Joni Mitchell


A última vez que vi Richard foi em Detroit em 68
E ele me disse que todos os românticos encontram o mesmo destino
Um dia, alguém cínico e amargo e chato
Em algum café escuro
Você ri, ele disse que você pensa que está imune,
Vai olhar para os olhos
Eles estão cheios de lua
Você gosta de rosas e beijos e homens bonitos para lhe dizer
Todas essas lindas mentiras, lindas mentiras
Quando você vai perceber que eles estão só de mentirinha
Só lindas mentiras, lindas mentiras


Ele colocou uma moeda no Wurlitzer, e ele apertou
Três teclas e a coisa começou a girar
E uma garçonete veio por uma meia arrastão e uma gravata borboleta
E ela disse: "bebam agora que está na hora de fechar"
Richard , você realmente não mudou, eu disse
Isso é só agora que você está romantizando um pouco de dor que está em sua cabeça
Você tem suas tumbas em seus olhos, mas as canções
Que você tirou estão sonhando
Ouça, elas falam de amor tão doce
Quando você vai estar de volta em seus pés?
Oh e o amor pode ser tão doce, amor tão doce


Richard casou-se com uma patinadora
E ele comprou-lhe uma máquina de lavar um prato e um coador de café
E ele bebe em casa, agora mais a noite com a TV
E todas as luzes da casa acesas
Eu vou soprar esta droga de vela
Eu não quero mais ninguém à minha mesa
Eu não tenho nada para conversar com ninguém
Todos os bons sonhadores deixam isso passar um dia
Escondendo atrás de garrafas em cafés escuros
Cafés escuros
Apenas essa escuridão antes
Eu pego minhas lindas asas
E vôo para longe
Apenas uma fase, estes dias escuros de café


sábado, 25 de dezembro de 2010

Betrayals¹.

Traição
Quando eu digo que não a trairei
Não é por respeito ao seu amor
Pois dele talvez, eu desconfie.
Não traio a minha dignidade
Porque ela está em mim
Eu não conseguiria viver enganado.

Teu amor pode só existir aqui,
É triste dizer isso.
Mas foram as coisas da vida
Que escreveram isso aqui.
Foram elas que me tornaram assim.
Keidy Lee Jones

Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.
Friedrich Nietzsche

Existem dois tipos de traição: A que você comete contra alguém e a que você comete contra si mesmo.
Risa Kings

Traição

''A traição é uma saída para quem não sabe se entregar por inteiro''
Fernanda Ilario

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

The diary of Mr. Silence - 6

Certa vez ouvi que a verdade deve ser dita, por mais dolorosa que possa ser. Não acreditei que a suposta veracidade do efeito proposto em tal frase poderia ter certa relevância em um relacionamento; considerando que todas às vezes que consegui alcançar qualquer objetivo, a mentira envolvia parcial ou completamente o que eu apresentava como mérito.
O que é falso sempre me serviu de escudo ou de degrau para um nível maior. Aprendi a viver desta forma, e aprendi tão bem que quase não reconheço outra metodologia para manter certo controle da minha existência. Vivi; e vivo assim.
Entretanto, tenho observado que minha formula para o sucesso não é perdurável em todos os campos de minha vivência. Há algo em meu caminho que exige-me a verdade que dói, que machuca, que destrói para que a confiança possa ser restabelecida. Como se cada vez que sou obrigado a decidir entre minha experiência e a navalha dos fatos; a sinceridade fosse o tijolo que constrói e a mentira o martelo que destrói.
Logo encontro-me perdido. Como se a vida resolvesse me doutrinar algo novo sobre algo que eu acreditava conhecer melhor do que ninguém.
Momentaneamente parece que a verdade é o melhor caminho; mas até quando? E quando eu cometer um erro circunspeto demais para minha capacidade? O que farei? Confessarei ou maquiarei a verdade com o eufemismo que tanto me acudiu durante minha vida? A mentira deve ser mantida em minha formação psicológica como uma saída de emergência?

§

The diary of Mr. Silence - 5

Digitação. Realmente uma terapia.
Acredito que no clima tenso do dia a dia, escrever me mantém ocupado o suficiente até as coisas se acalmarem. Uma forma saudável de se espairecer? Definitivamente não.
Não consigo imaginar o quão grande seria a conseqüência do que escrevo nas mãos de quem me quer mal; ou ao menos bem longe.
Todavia, agora eu sinto certa serenidade. Como se as coisas estivessem calmas; não que eu tenha esquecido ou ignorado aqueles que podem e farão de tudo para me atingir, mas como se eles estivessem de mãos atadas no momento. Estou em paz.
Mas logo já sinto alguns músculos de minha testa se contraindo ao imaginar por quanto tempo esta paz pode durar. Quase nada...
Mas são momentos assim que me enchem os pulmões de ar para que eu possa mergulhar novamente neste mar de lama.
Vivemos num mundo onde as pessoas têm as suas prioridades, e diante de suas prioridades não há espaço para amor ao que lhe cerca. Não existe visão periférica; apenas o foco e nada mais.
Um homem que erra durante toda sua vida e consegue se reerguer jamais iria querer olhar para trás, rever suas pegadas, sua antiga vida, seu filho. De certa forma isso é fácil de compreender. De certa forma, quero dizer teoricamente.
Um homem se casa, monta sua vida, sua história e reaprende a amar; ou simplesmente se adapta à sua nova condição. Sendo assim, olhar para trás deve ser meio doloroso. Nostalgia nem sempre é algo bom se sua situação atual lhe consome por dentro. É necessário absorver-se no agora para que o posterior não seja tão deteriorado quanto o presente. Destarte, não haverá outra vez aquele desperdício de tempo na nostalgia, que nada mais é do que o lamurio do que poderia ter sido e não é.
Alguém que precisa de outro para reconstruir sua vida, provar para si mesmo que pode recuperar-se daquele “mau momento”; Outra pessoa que precisa de alguém para se afirmar e recuperar em si mesma qualquer vestígio de autoconfiança. É um daqueles tipos de relacionamento doentio que vemos todos os dias. Mas por que para mim é tão difícil de entender?
Percebo que o mau momento de uns é a maldição de outros.
Hoje eu me vi como o mau momento de alguém.

The diary of Mr. Silence - 4

Então hoje eu gritei. Gritei como se o mundo inteiro pudesse me ouvir e disse: Tenho outra opção.
Posso sofrer e me desgastar por algo que bem provavelmente não me dará retorno mínimo ou até retorno algum. Ou posso me preservar, priorizar a minha integridade física e moral.
Gritei que não iria seguir algo imposto por outros e insistir em sofrer. Gritei em favor do meu auto-respeito.
Precisava disto como do ar que enche meus pulmões; como a água que refresca e hidrata minha garganta.
Porém; eu gritei em silencio. O fiz naquele exato momento: Suspiro e o pensamento objetivo “Basta!”.
Sinto-me libertado; e por pior que seja minha sentença em conseqüência deste grito de liberdade, posso dizer firmemente: Minha honra estará bem preservada comigo.

The diary of Mr. Silence - 3

Seguimos por um caminho que sempre denigre todo e qualquer tipo de estado de perfeição, de paz.
Não existe estabilidade o suficiente que satisfaça os dois campos de nossas vidas: Financeiro e pessoal.
Um homem que segue a carreira que os pais sempre sonharam; trabalhando e estudando até se tornar um médico, advogado ou seja lá o que for bem remunerado. Lá está ele com seu terno de linho, seu carro do ano importado e sua esposa jovem esbanjando fertilidade. É, porém, um homem frustrado que teme seu escritório/consultório como o diabo teme a cruz.
Não sabe como lidar com pessoas nem como ser simpático todo o tempo. Detesta terno e não consegue se encontrar no meio de tanta popularidade. Tira seu sustento de algo frio, sem amor... Vive numa área que lhe dá sono. Não é quente.
Por outro lado estão seus pais: Professores.
Ambos tinham cerca de 20 anos quando se conheceram, e possuíam planos do tamanho de seu amor.
O amor prevaleceu, porém os sonhos não. Depois de formados, passaram por uma longa data desempregados. Tinham um filho para sustentar, mas essa tarefa acabou caindo nas mãos dos avós.
Com muita batalha conseguiram algum lugar para dar suas aulas e exercer a atividade que tanto queimava em seus peitos: Lecionar.
Trabalhavam os três turnos e o orçamento mensal ainda apertado para seus salários. O tempo passava e o garoto via começava a ver a diferença social em sua vida e a vida de seus colegas, o que fez com que seus pais começassem a enfiar em sua cabeça a idéia de que qualquer curso que dê dinheiro seria o futuro que ele deveria agarrar com todas as forças. Estavam desmotivados demais com a desvalorização de seu trabalho para apoiar seu filho caso quisesse seguir os passos de seus pais. Pagam com muito custo a universidade de seu filho sozinhos; não queriam correr o risco de que o filho perdesse o foco dos estudos trabalhando para se bancar.
Ele se forma. Visita seus pais regularmente. Tem uma vida sexual ativa e nenhum filho. Tem dinheiro para bancar qualquer asneira que sua vaidade lhe exigir. Vive uma vida que não é sua, um sonho que não é seu. Seus pais também vivem numa realidade distante demais daquela que eles sonharam para si próprios.
Logo me pergunto intrigado: De onde vem essa idéia de realização?

The diary of Mr. Silence - 2

Depressão.
 Palavra de grande peso quando o assunto é o convívio social.
Todos nós temos nossos momentos onde os cobertores e a solidão é o pacote que reconhecemos como paraíso.
E todos querem o paraíso. Não sei se consigo perdoar completamente. Há vezes que eu fecho os olhos e imagino-me num campo verde e fresco, estou sozinho com a brisa batendo em meu rosto. Estou tranqüilo, longe. Estou em paz.
Por vezes percebo que a vida lhe dá duas opções diante de sua crueldade: Render-se aos seus golpes ou limpar sua cara e seguir em frente.
Rendo-me temporariamente, mas sigo adiante. É o que exige a independência.
Ouvi falar que quanto mais se sofre por algo, mais se é perseguido. Ninguém suporta ver certo sucesso da parte de alguém.
Silencio-me. O silêncio tem grande peso quando o assunto e manter-se de pé diante de seus superiores. Por dentro eu morro.
Agora, eu não queria um campo com brisa fresca ou toda aquela poesia. Só queria minha cama, meus cobertores, meus travesseiros, meus seriados. A janela fechada... Estaria sozinho. Tão simples e perfeito quanto inalcançável momentaneamente.
Para mim, isso é quase um sonho.
Queria o simples estado de inércia, em silencio ali naqueles cobertores.
Dentro daquele quarto trabalharia um mundo inteiro na minha cabeça.
Como acontece agora.
Oh; Deus.
Sei que sou demasiadamente falho com vossa onipotência, mas poderia deixar-me sozinho agora? Deixe-me livre de meus irmãos somente por hoje. Preciso recarregar-me pai.
Aquela voz me dá vontade de chorar.
Eu não sei lidar com isso sozinho; tudo o que conheço e sinto é meu instinto de sobrevivência que diz “Fuja!”.
Eu quero fugir.
Pai, não permita que eu sofra mais hoje.
Não me castigue com essa vida social... Ela está me definhando.
Ela desperta minha depressão.
Tomemos por base os gatos.
Eles são rápidos, mas não possuem grande resistência física. De certa forma, são até frágeis. Eles são independentes, ainda que precisem de seus donos. São jogadores.
Por vezes ouvi dizer que gatos não têm sentimentos, não são capazes de sentir amor ou algo parecido. Acho que amam a si próprios demais para amarem algo da segunda ou terceira pessoa.
Dormem durante todo o dia e não conseguem dormir a noite. São caçadores, encontram algo que lhes chama atenção e seguem até que aquilo esteja preso entre suas garras e dentes. E não é tão simples, quase nada do que os gatos se interessam são coisas que atrairiam o interesse de outro animal.
Julgo-me parecido com o gato neste contexto.
E eu vivo como se fosse um cão, ou um cavalo... Mas não um gato.
Trabalho demais e assumo uma posição de fidelidade que não é minha.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

The diary of Mr. Silence - 1

Seguindo outros passos,
Um caminho que não é meu...
Essa história não irá se repetir.
Almejando outra vida, sonhando uma nova história...
Acho que consigo.
Vai doer... Mas essa tatuagem irá me seguir aonde eu for.
E quando eu estiver por baixo, serei paciente... Saberei esperar e lutar por algo melhor.
Percebi que o desespero e a agitação só atrapalham.
Sofrer por não ter, amar demais o que se tem é um erro.
Tudo vai embora... Tudo. Não há nada que não se possa perder.
Lembro-me daquela viajem que iria mudar o resto da minha vida.
Era um dia frio, eu chorava com a cabeça recostada no vidro... As arvores passavam tão depressa, as folhas pareciam molhadas. Eu queria estar lá, no meio delas.
Se a vida fosse tão simples quanto se quer.
Se a vida de um homem fosse como a de uma arvore: Nascer, crescer, dar frutos, morrer. Seria tão mais fácil de lidar.
O chão me daria o que necessito para a vida. Viria a chuva e a luz da manhã para me fortificar. Seria só eu e a natureza. Seria eu, elemento da natureza.
Não poderia fazer mal. Nem poderia sentir o mal que qualquer um fizesse a mim.
Mas naquele tempo, algo me marcou para todo o sempre.
Tudo para mim era razão para desespero. Nada servia.
Esta figura que habitou meus dias naqueles momentos sou eu. Aquilo é o que realmente sou, e tudo o que os outros vêem é a casca.
Danem-se os outros, este texto não foi feito com o intuito de descrevê-los.
Ainda desespero-me vez ou outra. Choro, caio nos braços da lamuria, perco o controle. Reservo-me aos meus prantos particulares.
Tenho medo. Mas eu acho que aí que está a vida.
Entretanto, todas estas emoções (eventualmente) me parecem tão distantes... Como se fosse incapaz de me aderir a qualquer sentimento.
Como se aquilo não fosse eu....
Quem sou eu?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mal nenhum; Live Forever.

Nunca viram ninguém triste?
Por que não me deixam em paz?
As guerras são tão tristes
E não tem nada demais
Me deixem, bicho acuado
Por um inimigo imaginário
Correndo atrás dos carros
Como um cachorro otário
Me deixem, ataque equivocado
Por um falso alarme
Quebrando objetos inúteis
Como quem leva uma topada
Me deixem amolar e esmurrar
A faca cega, cega da paixão
E dar tiros a esmo e ferir
O mesmo cego coração
Não escondam suas crianças
Nem chamem o síndico
Nem chamem a polícia
Nem chamem o hospício, não
Eu não posso causar mal nenhum
A não ser a mim mesmo
A não ser a mim mesmo
A não ser a mim
Talvez eu não queira realmente saber
Como seu jardim floresce
Porque eu apenas quero voar
Ultimamente você já sentiu a dor
Na manhã de chuva
Como se estivesse molhado até o osso
Talvez eu apenas queira voar
Eu quero viver, eu não quero morrer
Talvez eu apenas queira respirar
Talvez eu apenas não acredite
Talvez você seja igual a mim
Nós vemos coisas que eles nunca verão
Você e eu iremos viver para sempre
Talvez eu realmente não queira saber
Como seu jardim floresce
Porque eu apenas quero voar
Ultimamente você já sentiu a dor
Na manhã de chuva
Como se estivesse molhado até o osso
Talvez eu nunca serei
Todas as coisas que eu quero ser
Mas agora não é hora para chorar
Agora é hora de descobrir por quê
Eu penso que você é igual a mim
Nós vemos coisas que eles nunca verão
Você e eu iremos viver para sempre
Talvez eu não queira realmente saber
Como seu jardim floresce
Porque eu apenas quero voar
Ultimamente você já sentiu a dor
Na manhã de chuva
Como se estivesse molhado até o osso
Talvez eu apenas queira voar
Eu quero viver, eu não quero morrer
Talvez eu apenas queira respirar
Talvez eu apenas não acredite
Talvez você seja igual a mim
Nós vemos coisas que eles nunca verão
Você e eu iremos viver para sempre
Nós iremos viver para sempre
Nós iremos viver para sempre
Nós iremos viver para sempre
Nós iremos viver para sempre

domingo, 31 de outubro de 2010

A princesa do cemitério.

A princesa do cemitério.

"Em um reino muito distante morava uma princesa que vivia sozinha com sua familia. 
Seu castelo ficava bem no meio do cemitério onde foram enterrados os seus antepassados e também os seus amantes.
Ela cultivava rosas na janela do seu quarto e as alimentava com seu próprio sangue. Essas rosas eram para os túmulos de seus finados amores.
Certo dia chegou ao castelo um mensageiro de um reino distante que trazia um recado dele mesmo para a princesa. O recado dizia: "Eu entendo você como ninguém.".
Aquelas palavras foram o alicerce para toda a ilusão. Se amaram fortemente, mas a princesa sempre ficava sozinha quando o mensageiro tinha de voltar ao seu reino.
E assim ela se guardava para o mensageiro, sozinha.
A princesa mantia em seu jardim a rosa branca, que ao contrario das outras rosas, era alimentada pelas suas lágrimas.
Em uma das visitas do mensageiro ela pensou em lhe dar essa rosa, que era a mais bela de seu jardim como prova de seu amor e fidelidade, pensando que assim ele ficaria com ela para todo o sempre vivendo em seu reino.
E assim aconteceu. O mensageiro chegou e os dois se amaram.
Ela disse: Tenho algo pra você.
E ele respondeu: Me dê.
E ela foi até o jardim e cortou a rosa branca pela base, de maneira que ela não cresceria outra vez e a entregou ao mensageiro.
O mensageiro cheirou a rosa, olhou nos olhos da princesa e se foi em seu cavalo.
Outra vez a princesa se afogava em seu desespero de solidão.
Chorava todos os dias em seu jardim, e a rosa branca não crescia.
Ela não cresceria outra vez."

Moral: Não dê seu maior tesouro pra quem possa gasta-lo em um único suspiro.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

§►╬◄Ð

I know I can not find anything...

Eu sei... Sei que não posso encontrar completamente nada...
Você sabe o mal que pode fazer o vazio de nossos peitos.
Coração amargurado, os olhos se perdem ao horizonte.
Vá, minha pequena, vá ser feliz aonde os ventos te levarem...
Oh pequena flor, vá... Se não me pertences mais, vá e leve este pedaço de mim que é teu.
Sofreria, não pela solidão, mas sim pela falta que deixaria em mim.
Enquanto lhe embalava em meus braços e você inundava meu peito em suas lágrimas,
Eu lavava seus cabelos com as minhas... Minhas mãos grandes e rudes se perdiam como uma pluma em meio às madeixas de sua nuca... eram puxadas em meus dedos e caiam novamente sobre teus ombros, como uma onda no mar.
E eu perdi-te por um segundo.
Eu ainda sei que não poderia encontrar praticamente nada...
Entretanto, neste vácuo que há em minha alma, ainda sinto que morreria por ti.
Priorizar-te é tão necessário quanto oxigênio.
Cortaria braços e pernas pra não te ver chorar. Afinal, de que serviriam estes membros se eles não pudessem apartar a sua dor?
Nada poderia pagar o tão precioso sorriso que brota de teus lábios. Nem mesmo estes membros de minha matéria somática.
Minha rude e fracassada matéria somática.
Logo, comunico-lhe por meio desta que nada poderia encontrar em mim além de você.
Amo-te, minha princesa. Amo-te tanto que abriria mão de mim mesmo por você e este teu sorriso...
Ah, teu sorriso... Jamais poderia esquecer-me de seu sorriso, que se une com teus olhos formando a paisagem mais bela que já pude ver durante toda minha vida terrena.
É a definitiva prova de que Deus existe em algum lugar; a prova de que esse Deus pensa em mim de lugar nenhum.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Obsessed Souls...

Era uma dama integrante da massa burguesa,
Vivia sozinha numa antiga mansão ao lado da igreja.
Sua fama era reflexo de sua riqueza.
As gárgulas da entrada espantavam quem quer que seja.
Ela conhecia o segredo - que mais tarde tornara-se doutrina.
Sabia da influencia de quem já partira na vida dos que ainda se encontram encarnados.
Sabia que tudo estava ligado à alguma força ligada ao seu passado.
Seu patrimônio era resultado de seu controle sobre aqueles espíritos opressores;
Os grandes comerciantes a procuravam para acertar contas com seus opositores.
Tudo o que havia a fazer era o pedido aos desencarnados que lhe seguiam.
Logo os inimigos de seus clientes decaiam.
As frases feitas, velas e cortinas não passavam de adereços,
E para cada alma obcecada havia um preço...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Communication Breakdown

Ela limpa o semen que escorre no canto de sua boca e desce as escadas. Seu celular toca e ela atende com um sorriso malicioso.
Do outro lado da linha uma voz calma diz "Estou chegando". Ela estava correndo nua e tropeça em seu próprio salto no 6º degrau da enorme escada. Qualquer barulho foi abafado pelo som do entiado que continuava ligado.
...
Há 5 anos atrás a historia se inicia.
Aquela familia estava vazia desde a morte da esposa e mãe. O pai era um burguês conhecido em toda região e em grande parte do estado vizinho. O filho tinha 11 anos de idade.
Uma grande parceria estava prestes a ser realizada entre a empresa que o pai trabalhava e uma renomada firma internacional.
Existia uma intermediadora americana entre as empresas. Foi um jantar com direito à musica e pratos flambados.
O vestido vermelho da mulher deixava a mostra o meio das suas coxas e seus joelhos. O pai não conseguia desviar sua atenção à mais nada que não fosse a imagem daquela mulher.
A intermediadora encantara aquele homem de forma que se uma tourada adentrasse aquele restaurante ele sequer tremeria sua pupila à outra direção que não fosse a do físico daquela mulher. Ele que sempre foi um homem discreto, que prezava a moral não conseguia pensar em outra coisa que não fosse ter aquela ninfa nua, junto ao seu corpo.
Foi embora calado e suava frio. Alternava o foco de sua visão entre a estrada e o visor do celular que exibia o numero dela.
Semanas passaram e ele então ligou. O contrato já havia sido fechado; mas a unica desculpa que ele pode encontrar foi que havia uma cláusula que ainda devia ser revisada. Ela propôs um encontro em seu apartamento. O jovem garoto viu seu pai se arrumar novamente, depois de tanto tempo da morte de sua mãe. Ele se despede de seu filho e sai.
Ao chegar ao prédio ele pega o elevador e sobe até o andar de sua musa. Antes que pudesse bater a porta se abriu e lá estava ela, enrolada em uma minúscula toalha e perguntando:
-Porque demorou tanto? -
Logo ela beijou e guiou o empresário até sua banheira, onde despiu-o e logo deixou que enfim ele tomasse seu corpo em beijos, mordidas, suspiros e força.
Passaram-se 4 anos. Quatro de um segredo que foi quebrado com o anuncio do casamento.
Foi uma surpresa pra todos os parentes e amigos, mas sobretudo para o seu filho. O garoto tornara-se um rapaz frio consigo e com todos os outros devido à ausência de seu pai.
Um jantar para apresentação da madrasta ao enteado. A antipatia do rapaz quanto a mulher era exposta de forma indiscreta; desde o semblante de paisagem que fizera ao comprimento inicial até o momento onde deixa cair - sem que o pai possa notar - um talher em seu decote.
O rapaz se retira do restaurante e vai pra casa de forma rude. O pai desapontado resolve dar uma lição em seu filho, até que sua noiva interveio:
- Não maltrate-o... Ele ainda não sabe como lidar com a idéia de ficarmos juntos amor. Se eu pudesse prova-lo que não quero tomar o lugar da mãe dele, estou certa que as coisas seriam diferentes. -
- O que você tem em mente? -
- Conversar com ele, explicar tudo, colocar as cartas na mesa. Dê-me a chave da casa e deixe-me ir até lá dialogar com ele! -
- Hum... - Refletiu o ingênuo empresário. - Tudo bem. Mas e eu, vou junto? -
- Não. Dê uma volta e volte mais tarde, tenho certeza que com meus argumentos ele se acalmará. - Retrucou a madrasta.
O empresário deixou-a na porta de sua casa e foi até o cinema do outro lado da cidade.
Ela entra na casa e sobe as escadas. Abre a porta do quarto do rapaz, que dorme nú.
Acaricia as costas dele, que logo se vira assustado:
- Que você faz aqui? - Gritou o jovem, sem entender quase nada.
- Vim lhe perguntar se não vai pegar o talher que deixaste em meus seios... - Respondeu a mulher, tirando a blusa e deixando a mostra seus seios fartos apertados por uma langerie vermelha e uma pequena colher perdida no meio daquela paisagem.
O rapaz tira o talher e entrega a mulher:
- Satisfeita? - Indagou ele, em tom malicioso.
- Não sou tão fácil de satisfazer, garoto! - Respondeu ela enquanto montava sobre o garoto e guiava seu membro rijo em direção ao seu sexo, que já estava encharcado de desejo.
No outro dia o rapaz levantou-se aos sorrisos e disse ao pai que abençoava sua união com a madrasta.
Casaram-se. O triângulo amoroso estava firmado. Os encontros entre a madrasta e o enteado eram costumeiros, já que o empresário estava mais em viagens do que em casa.
Certo dia, a madrasta propõe um banho de lábios no rapaz. Ele liga o som no último volume e deita na cama. Depois de deixar seu gosto na boca da ninfa, ele explode de vez.
Ela limpa o semen que escorre no canto de sua boca e desce as escadas. Seu celular toca e ela atende com um sorriso malicioso.
Do outro lado da linha uma voz calma diz "Estou chegando". Ela estava correndo nua e tropeça em seu próprio salto no 6º degrau da enorme escada. Qualquer barulho foi abafado pelo som do entiado que continuava ligado.
A morte da madrasta foi apenas outra passagem negra na vida da familia. O caso entre o jovem e a mulher jamais fora descoberto. A vida seguiu de acordo com seu rumo natural.
O rapaz terminou o colegial e foi para a faculdade. O empresário casou-se novamente.
Houve outro jantar para a nova esposa. Houve novamente certa recusa do jovem.
Outra vez houve um acerto de contas entre madrasta e enteado.
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