quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

The diary of Mr. Silence - 3

Seguimos por um caminho que sempre denigre todo e qualquer tipo de estado de perfeição, de paz.
Não existe estabilidade o suficiente que satisfaça os dois campos de nossas vidas: Financeiro e pessoal.
Um homem que segue a carreira que os pais sempre sonharam; trabalhando e estudando até se tornar um médico, advogado ou seja lá o que for bem remunerado. Lá está ele com seu terno de linho, seu carro do ano importado e sua esposa jovem esbanjando fertilidade. É, porém, um homem frustrado que teme seu escritório/consultório como o diabo teme a cruz.
Não sabe como lidar com pessoas nem como ser simpático todo o tempo. Detesta terno e não consegue se encontrar no meio de tanta popularidade. Tira seu sustento de algo frio, sem amor... Vive numa área que lhe dá sono. Não é quente.
Por outro lado estão seus pais: Professores.
Ambos tinham cerca de 20 anos quando se conheceram, e possuíam planos do tamanho de seu amor.
O amor prevaleceu, porém os sonhos não. Depois de formados, passaram por uma longa data desempregados. Tinham um filho para sustentar, mas essa tarefa acabou caindo nas mãos dos avós.
Com muita batalha conseguiram algum lugar para dar suas aulas e exercer a atividade que tanto queimava em seus peitos: Lecionar.
Trabalhavam os três turnos e o orçamento mensal ainda apertado para seus salários. O tempo passava e o garoto via começava a ver a diferença social em sua vida e a vida de seus colegas, o que fez com que seus pais começassem a enfiar em sua cabeça a idéia de que qualquer curso que dê dinheiro seria o futuro que ele deveria agarrar com todas as forças. Estavam desmotivados demais com a desvalorização de seu trabalho para apoiar seu filho caso quisesse seguir os passos de seus pais. Pagam com muito custo a universidade de seu filho sozinhos; não queriam correr o risco de que o filho perdesse o foco dos estudos trabalhando para se bancar.
Ele se forma. Visita seus pais regularmente. Tem uma vida sexual ativa e nenhum filho. Tem dinheiro para bancar qualquer asneira que sua vaidade lhe exigir. Vive uma vida que não é sua, um sonho que não é seu. Seus pais também vivem numa realidade distante demais daquela que eles sonharam para si próprios.
Logo me pergunto intrigado: De onde vem essa idéia de realização?

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