terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aliança

Por tudo quanto sei, mas não sabia, 
(Feliz de quem um dia ainda o souber!) 
Por essa estrela branca em noite fria! 
Anunciação, talvez, de poesia... 
Por ti, minha mulher! 

Por esse homem que sou, mas que não era, 
Vendo na morte a vida que vier! 
Por teu sorriso em minha vida austera. 
Anunciação, talvez de Primavera... 
Por ti, minha mulher! 

Pelo caminho humano a que vieste 
Com fé no amor. — Seja o que Deus quiser! 
Por certa fonte abrindo a rocha agreste... 
Por esse filho loiro que me deste! 
Por ti, minha mulher! 

Pelo perdão que espalho aos quatro ventos, 
De antemão cego ao mal que me trouxer 
Despeitos surdos, pérfidos momentos; 
Pelos teus passos, junto aos meus, mais lentos... 
Por ti, minha mulher! 

Nada mais digo. Nada. Que não posso! 
Mas dirá mais do que eu quem não disser 
Como eu?: — Avé-Maria... Padre-Nosso... 
Por tudo quanto é meu (e que é tão nosso!) 
Por ti, minha mulher! 

Pedro Homem de Mello, in "Adeus"

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