quarta-feira, 18 de agosto de 2010

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Ele corria sem fôlego e tropeça em uma pedra. Sente se aproximar outra vez aquele homem de olhos ensangüentados e vontade de matar. Ao levantar-se, olha para traz e vê que deixou pegadas, ele ouve passos firmes de alguém que corre, seu coração dispara no compasso daquilo que o persegue. Ele teme que a distancia que tem de sua casa aumente mais ainda a sede do homem.
A primeira vez que o jovem vê o homem foi numa noite em seu lar, foi a cozinha beber um gole de agua e olha pela janela... Lá está ele, simplesmente olhando para sua vitima com olhar de indiferença, de ódio... E ele não sente medo ou qualquer outra coisa, o olha fixamente como se já o observasse a muito tempo, como se o rapaz o notar não significasse muita coisa, o homem queria a morte do rapaz e conseguiria.
O rapaz notava que mesmo com o homem o perseguindo, impondo sua presença na sua vida, em casa essa presença poderia estar sempre num nível toleravel. O homem aparecia somente para o rapaz, mas os que o cercavam também podiam sentir a sua presença, mas não entendiam o que aquela energia negativa poderia significar... Como o homem estava atrás do rapaz, eles associavam essa energia ao rapaz, e não à algo de outro plano.
O rapaz a principio temeu o homem de tal forma que pensou em se matar só para livrar-se desse olhar. Tudo o que ele fazia sem pensar, faria ele sentir o homem aproximar-se cada vez mais e mais, fazendo com que seu coração disparasse e ele sentir o medo de que sua vida fosse aniquilada. O tempo foi passando, e o jovem ainda temia o homem, mas como ele não ia embora, passou a ignora-lo ou pelo menos dar um jeito de viver sem que seu tormento o dominasse por completo.
Certo dia, o rapaz acordou em uma manhã de céu azul e olhou para a janela e o homem não estava lá. Passeou com os olhos no quarto e em toda a casa e ele se viu em paz sem a presença homicida do homem que o observava. Teve um bom dia, pode fazer as coisas que ele sempre fez até que chegou a noite e o rapaz pensou em visitar um jardim onde havia flores que ele amava.
Ao sair, o céu estava bonito, mas sem nenhuma estrela, somente uma lua grande iluminando as nuvens que dela se aproximavam.
Ao andar, ele sentiu um vento frio e a sensação de que havia alguém o observando, o seguindo. Ele poe se a correr e não tem duvidas de que é o homem que voltou de onde ele estivesse para mata-lo finalmente. Corre depressa e tropeça em uma pedra e seu corpo é esmagado pelo chão duro, frio e umido pela neblina que de repente tomou conta do lugar. Ouve os passos firmes e quando abre os olhos ele vê sobre si a imagem do homem que diz: "Não corra mais, vim pegar o que você perdeu pra mim quando levantou-se e olhou o que havia atrás da janela... Você perdeu pois caiu e se entregou, pois pulou num poço sem fundo achando que encontraria porto-seguro... Você quem me troxe até aqui!"... Assim o homem abaixou-se, tomou o coração do rapaz e se foi debaixo da neblina; enquanto o rapaz levantou-se, olhou ao redor e viu-se completamente sozinho... Ele se perde na neblina, ele vai embora sem saber pra onde ir.

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