quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Rotina de André.

O despertador toca às sete horas e ele esfrega os olhos. Ao olhar pra janela, vê que o dia está claro e que não poderia se fundir com o conjunto "cama, lençol e cobertor" antes das três da manhã.
Ele levanta e se apronta para o trabalho, sem tempo para comer qualquer coisa para que não chegue atrasado. Precisa do trabalho para fazer o seu sustento e manter seu estudo.
Sua vida não lhe agradava em ponto algum.
Assim André levava sua vida, trabalhando 48 horas semanais por um salário mínimo, correndo para a faculdade depois do seu expediente e estudando a noite até as três da manhã. Seguia essa rotina religiosamente.
Não confiava em si mesmo. Fazia todas suas atividades sem a menor expectativa de crescimento.
Se olhava no espelho e via outra pessoa; um fracassado, feio, cansado e impotente de manter o controle de sua própria vida. Ele precisava ser persistente e cauteloso, mas as circunstâncias exigiam-lhe uma paciência que André não tinha.
Almejava a morte; via nela a unica forma de escapar sem julgamentos ou repreensões.
André sonhava com outra vida, outro curso, outro rumo...
Deitava seu corpo exausto sobre a velha cama de solteiro sentindo que sua estrutura somático-emocional estava morta há muito tempo.
E sobre essa cama velha ele dormia 4 horas por noite, sonhando a idéia de conseguir alguma recompensa pelos seus esforços ou alguma saída que o levasse para longe de todo seu sofrimento.
Quando André era observado em um sonho era possível vê-lo sorrir. Ele sorria sobre o colchão novo que pagava com suas 48 horas semanais.
André morreu aos 17 anos de idade, vitima de atropelamento por um trem.
Até hoje não se sabe se foi um acidente ou um suicídio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...