quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Passos trocados.

 
Ela acorda de manhã e olha para o teto, o poster de Robert Plant está lá com seus longos cabelos loiros se cacheando no ar junto com o som (que lhe levava a um tranze se combinado com o acido) das cordas de Jimmy Page. Ela estava preparada para abondonar essa vida hoje.
Ela levantou-se e tomou um banho e corta sua perna com a lamina. Ela gosta de ver o sangue ir dançando até o ralo junto com a água. Ela se seca e se vê nua de frente ao espelho e sussura "Que me enterrem assim" e segue seu caminho até o quarto, seca seus cabelos e resolve pentea-los. Se maqueia, se embeleza e chora ao ver encima da sua comoda os bilhetes e o dinheiro. Hoje ela iria ver o unico que a entendia nesse mundo, e concerteza não era Jesus. Por algum motivo ela queria estar bonita nesse dia, ao contrario do que estava nos ultimos dois anos desde que ele partiu.
Seu pai partira com a mãe de seu melhor amigo. Era uma mulher de cabelos negros e uma expressão que dizia "fique comigo, eu preciso de sua ajuda" enquanto o olhar dizia "É mentira!".
Ela viu a mãe se desesperar numa depressão e não pode fazer nada, e achou que seu amigo era o unico que poderia entende-la. Ele ficara na cidade morando com os avós e estudava a noite. Ela havia desistido da escola pois não queria levantar-se de manhã e ver pessoas, muito menos a sua mãe, mas isso não era de sua escolha. Mas de certa forma, ela se sentia um pouco mais especial quando seu jovem amigo a visitava. Naquela cama de seu quarto ela esteve com ele e desabafou muitas vezes sobre como seu pai era o chão dela naquela casa de loucos (ou melhor, a mãe louca) e como ele pode abandona-la assim. O rapaz escutava numa compreensão e numa meiguice que era como se a vadia que roubara o pai da jovem moça de cabelos claros não fosse sua mãe. Foi ali naquela cama também que eles deram seu primeiro beijo, e algum tempo depois suas primeiras noites de amor. Ela o amava porque era tudo o que tinha de mais seguro.
Ele a fez sair de casa, lhe arrumou o emprego na lanchonete e lhe deu forças. Houve uma ocasião que viu seu pai de longe e não chorou. Sua vida já era o rapaz, e não mais seu pai ou a ausência dele. Depois de algum tempo ela até reaprendeu a sorrir.
Era o ano de 1973, uma manhã chuvosa em L.A logo começou a nevar e a neblina tomou toda a cidade. A garota desce até a sala de estar e vê um bilhete que foi passado por debaixo da porta e dizia:

"June,
Me perdoe, tive de partir. Mamãe arrumou um emprego pra mim na capital e eu vou morar com ela. Amo você, mas sinto que nosso futuro depende disso.
Espere por mim.

Alex."

Tudo o que lhe restara foram as lágrimas, e ela não foi trabalhar nesse dia frio. Ela o esperou.
Voltou a trabalhar no outro dia e todos viam ela forte, seria, mas seus sorrisos acabaram. Nunca mais o jovem lhe correspondera, mas ela o esperava.
1 ano depois o jovem aparece na lanchonete onde ela trabalhava com uma bermuda floral e um chapéu de turista acompanhado de uma bela mulher mais velha e com ar de "Sou melhor que você". Ela era sua chefe e agora era sua esposa. Estavam em lua de mel. June o viu beijando-a e escondeu-se atrás do balcão.
Sua vida havia acabado.
Ela estava em seu quarto, sentada em sua cama e de algum jeito estranho, ela ainda sentia o cheiro do seu amado em seu colchão. Pegou o dinheiro, os bilhetes e saiu. Ao chegar a porta de sua casa nota que chove... uma chuva fina, que combinava perfeitamente com o céu cinzento daquela manhã. Ela acende um cigarro e segue o caminho de seu trabalho.
Fuma quase uma cartela inteira antes de chegar até a lanchonete. Ela trabalha de sete as onze, como dizia a canção Since I've Been Loving You do Led Zeppelin, sua banda favorita. Antes de sair, ela recebe alguns elogios e olhares de quase todos que a conheciam e a viram naquele dia.
Deviam pensar "Ela se arrumou, deve estar melhorando" e depois sorriam pra ela. Por dentro ela gritava.
De hora em hora ela roubava um maço de cigarros do balcão sem que ninguem pudesse notar.
Onze horas e acaba o seu turno. Ela se arruma mais um pouco e vai para a beira da estrada, onde logo um carro para.
- June, o que faz aqui?- Dizia o Sr. Madisson, homem de familia bem casado, com filhos, que seguia sozinho com seu carro. Ela responde - Preciso de uma carona até o show do Led. - e ele diz - Não devia deixar sua mãe sozinha. - E paira um silencio.
Ela respira fundo e toma coragem pra fazer o que planejara. Entra no carro e beija Sr. Madisson que logo já começa a passar suas mãos porcas em todo seu corpo. Ela o masturba e diz "Leve-me ao show Sr. Madisson?" e começa a fazer sexo oral no velho porco. Ele afirma que sim, e faz sexo com ela dentro de seu carro da maneira mais porca que era possivel. June se lembrava do seu Alex e de como era lindo fazer amor com ele, ao contrario de fazer amor com Sr. Madisson que a chamara de "mamãe" em seu orgasmo.
Ele a deixa no show, e quando ele se despede com um beijo e vira o carro, June vomita de tanto nojo. Ela entra no show e compra uma porção de comprimidos de ecstasy e espera o memonto certo. Ela chega perto do palco e consegue tocar os pés de Robert Plant no palco assim como se o mesmo fosse Jesus Cristo. Era uma apresentação em um ambiente fechado, então não havia grande distancia entre os mortais e os deuses encima do palco. Jimmy Page começa com o riff de Babe i'm gonna leave you e ela engole todos os comprimidos de uma vez e sai do ambiente e escuta a bela canção do lado de fora olhando as estrelas e fumando todos os cigarros que roubou na lanchonete naquele dia.
Ela estava pronta e em breve estaria livre de toda dor. Ela olhou sua imagem numa poça d'agua e sorriu.

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